Quando você é empregado em uma empresa, eventualmente haverá a necessidade e você ser alocado para liderar um setor, até com elevado grau de complexidade cujas atividades você não tenha nenhum conhecimento ou preparo. Contudo, a você foi dada a incumbência de liderança aquele setor com expectativas de elevados graus de produtividade e de eficiência.
Minha experiência funcional começou na garagem (Setor de Transportes Terrestres) da Base Aérea do Recife (BARF). Ali eu era responsável pela manutenção e aprestamento e entrega funcionando de ônibus, caminhões, tratores, automóveis, roçadeiras, rampas, pranchas, empilhadeiras, escadas para aeronaves, guindastes, gruas, gáveas, etc.
Também era responsável por apoiar as demais garagens das demais organizações militares no Recife (aproximadamente uma oito na época).
Apesar de ser o gerente, o chefe, estava naquela função por ser um oficial.
Eu era um oficial novo, com dois anos de formado. Eu era um piloto militar. Motorista nem mecânico eram minha especialidade, de sorte que minha liderança era, explicita ou veladamente questionada por alguns que, naturalmente, eram renitentes, quando não explicitamente resistentes, às minhas orientações e ordens.
Do lado do desenvolvimento profissional, eu estava muito preocupado em estudar e aprender os manuais de voo e o voo em si de um helicóptero, um avião executivo bimotor e um avião monomotor. Ademais, também tinha que estudar e aprender sobre prestação de contas, auditorias, sindicâncias, etc.
Enfim, eu era um militar novo, com as responsabilidades de chefia e de liderança, responsável por bens materiais físicos públicos e pela gestão orçamentária dos parcos recursos financeiros à disposição. Contudo, fui designado para ser o chefe da garagem. Por ser um lugar de muito trabalho e poucos recursos e muita e constante cobrança, poucos com mais experiência de caserna queriam trabalhar lá. Então, a incumbência sobrava para os mais novos.
Apesar daquele cenário, eu tinha que exercer minha liderança!
Quais foram, então, as formas que encontrei para quebrar resistências e conquistar a confiança dos funcionários, civis e militares?
Primeiro, entendi que é preciso saber o que eles não sabem;
Saber sobre auditorias, prestações de contas, recursos, formas e demoras em aquisição de novas peças ou ferramentas, detalhes de planejamento orçamentário etc.
Descobri lá, e em outros setores que liderei, que uma expressiva parcela de funcionários, mercê de meus esforços em querer incluí-los nos “grandes projetos” ou grandes negócios da organização (enfim, no big picture), poucos são os que se interessam. Expressiva maioria apenas quer se envolver em suas atribuições imediatas. Raríssimos se interessavam, ou perguntavam ou se ofereciam a me ajudar.
Entendi que é preciso evidenciar a Influência dos desempenhos ruins de alguns indivíduos no desempenho dos demais funcionários da garagem e nos demais setores da organização;
Aprendi, também, que, de início, não se deve insistir que devam todos pensar no grupo. Alguns são individualistas e poucos, ainda que não individualistas, aderem às ideias de coletividade;
Entendi que tinha que fazer o grupo perceber que os desempenhos e erros de um indivíduo afetam o desempenho do grupo como um todo, além de dificultar a eficiência, a produtividade e a competitividade;
Insistia em evidenciar que o trabalho ruim de poucos impactava, sobremaneira, a produtividade causando o retrabalho de muitas atividades;
O surgimento de problemas, de panes nos veículos e de equipamentos reduziam a eficiência setorial por imputar custos desnecessários com aquisição de novas peças, ferramentas, etc. e, eventualmente, incidindo em aumento de custos de renovação ou de contratação de seguros, sobretudo os veiculares.
Com o passar do tempo consegui me adaptar à idiossincrasia dos funcionários e, aos poucos, consegui impor uma melhoria de comportamento, de comprometimento. Confesso que foi estressante e muito demorado.
Separei algumas dicas aprendi e sempre repassei a outros subordinados, para a formação de novos líderes:
Olhar nos olhos;
Quando você sustenta o olhar a pessoa se desarma, se intencionava lhe enrolar, ou causar dificuldades, mudava de ideia ali mesmo;
Parar o que está fazendo;
Essa exclusividade impõe respeito pois ele, o colaborador ou subordinado sabe que está sendo ouvido e considerado.
Largar o celular e ouvir o subordinado.
O terceiro item da receita permite você se impor pelo respeito, em silêncio, sem alarde, mas olhando com atenção e segurança, pois quando alguém lhe procura e você permanece olhando um equipamento sem dar a devida atenção à pessoa, sua liderança e ascendência começam a ficar comprometidas.
Sei que são relatos breves e ou dicas simples, todavia, fazem uma enorme diferença e causam sérios danos e dificuldades quando não seguidos.
Espero que este breve relato lhe ajude de alguma forma.
Eu lhe desejo continuado sucesso em suas atividades profissionais e de liderança.
Esse é um artigo original do autor e professor Jefferson W. Santos.
Em caso de compartilhamento ou utilização desse material, favor dar os devidos créditos.
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