Silos são estruturas cilíndricas verticais existentes em fazendas em ou área rural, utilizadas normalmente para armazenamento de grãos. Eles abrigam grãos em condições diferenciadas seja por controle de umidade, ou por ordenamento de uso ou de expedição para clientes.
O que caracteriza os silos a separação de um mesmo produto em ambientes distintos.
Com o advento da informática ou da tecnologia da informação, os equipamentos utilizados precisavam estar em ambientes refrigerados. Todos os escritórios ou gabinetes que tinham computadores -ou periféricos ou mainframes- que precisavam de controle de temperatura normalmente abaixo da temperatura do ar exterior, concentravam naqueles recintos diferenciados funcionários que trabalhavam em condições de melhor conforto do que os demais da organização.
Também em função de suas características de operação ou de manutenção, tanto os equipamentos como os funcionários que os utilizavam tinham acesso a recursos de investimento financeiros para aquisição de outros hardwares, ou softwares, cursos de capacitação ou de reciclagem funcional bem diferenciados e melhor aquinhoados em relação aos demais setores da mesma organização.
Como normalmente estes funcionários passavam todo o dia de trabalho imersos em suas atividades dentro dos escritórios, eles não tinham o hábito -e muitas vezes nem a vontade- de circular entre os espaços dos demais setores da organização para ter contato com a natureza e o ambiente das atividades ou das dificuldades que os seus colegas de trabalho enfrentavam. Eles não desenvolviam a perspectiva do "cliente interno" a também ser atendido pelos produtos e atividades que eles exerciam.
Esse tipo de separação em "silos organizacionais" prosseguiu, com o passar dos anos, com a criação de novas funções que, por sua natureza, também exigiam a atenção e investimentos diferenciados por parte da direção da empresa. Normalmente esses setores eram marketing, vendas, contratos, setor jurídico, compliance e mais recentemente os setores voltados para a gestão de ESG. Como as organizações, via de regra, não dispunham de fartura de recursos, os setores fora daquele escopo específico ficavam relegados ao "assim que possível" e, naturalmente, essas decisões causavam ressentimento entre os funcionários que não se sentiam "eleitos".
Não era incomum que esses setores acabassem por aceitar condições de produção de bens ou de serviço exigidas por clientes sem se preocupar em saber se os setores de produção, ou de armazenamento, ou de entrega aos clientes tinham condições de produzir e de entregar de acordo com o que aqueles setores -separados em silos organizacionais- tinham acordado com os clientes.
Desta forma, os conflitos organizacionais eram comuns e não era incomum haver problemas que eventualmente trouxessem riscos ou prejuízos à organização, seja por contratos desfeitos, ou por interdições por parte de agências reguladoras ou órgãos públicos ou mesmo por acidentes com as multas e as paralisações decorrentes, além de perda de clientes e de competitividade.
Trazendo o tema para a área de aviação, as organizações que atendem ao serviço de transporte aéreo também têm essa mesma característica: funcionários trabalhando em setores com a ambiência mais agradável e confortável (o “pessoal do escritório”) enquanto os demais funcionários do setor operacional e no caso do apoio atividade aérea (o “pessoal do tranco”), passando maior parte do seu expediente nas pistas, ou em recintos próximos às pistas, sujeitos às condições de insalubridade natural da atividade: a elevada temperatura, umidade, ruídos, vibração e fortes odores de combustível ou de outros fluidos.
As atividades de apoio às aeronaves têm característica e complexidade muito diferenciadas em relação às demais atividades em ambiente de produção ou de entrega de serviços de outros segmentos da economia produtiva. São atividades imersas em ambiente de risco. Qualquer falha pode levar a incidentes de pequeno vulto ou a acidentes graves que podem culminar em óbitos ou em perda irreversível de patrimônio das empresas envolvidas.
As características essenciais dessas atividades imersas no ambiente aeroportuário são a interrelação e a interdependência entre pessoas, entre setores da mesma empresa ou junto a outras empresas que também dão apoio às mesmas atividades-fim.
Assim, para haver sucesso nesse tipo de empreendimento, é necessário que todos os funcionários das empresas inseridas nesse contexto se conscientizem da importância de saber trabalhar de forma integrada, saber como todos os funcionários conseguem ou não realizar suas atividades, quais são suas dificuldades e como cada um pode contribuir para reduzir ou mitigar essas dificuldades. Afinal, acidentes que eventualmente ocorram não só prejudicarão a empresa, causando perda de clientes, ou multas, ou eventuais interdições mas também colocando em risco o emprego não só de quem causou o dano como os que para isso contribuíram de forma direta, ou indireta ou, ainda, quem nada teve a ver como o evento adverso.
O que é importante ressaltar entre todos os funcionários é que esta integração e interdependência, além da preocupação com as condições de trabalho dos outros funcionários não é só responsabilidade dos líderes setoriais ou da direção da empresa mas de todos os integrantes do elenco de funcionários.
Pense nisto e bom trabalho.
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