“Checklists” são listas de verificação de itens em conjunto que compõe uma tarefa específica. Entendendo “tarefa” como um conjunto concatenado de atos que serão reunidos em forma sequencial de acordo com uma metodologia específica dentro de um tempo esperado.
Na aviação, dependendo do tipo de aeronave ou do equipamento de apoio de solo (fontes de energia elétrica externas, garfos de reboque, veículos para mover a aeronave de sua posição – o “pushback”, etc) cada atividade tem um “checklist” específico. Assim, entre a aproximação da aeronave antes do acionamento dos motores, para iniciar o voo, até a inspeção externa final para encarrar um dia de atividade, o piloto percorre uma verdadeira “bíblia” de itens de verificação.
Há um detalhe a ser ressaltado: cada item checado é verificado se ele está em conformidade com os manuais de operação da aeronave em questão, ou não. Ainda, se ele está certo, o motivo de ele estar certo e se estiver errado deve-se saber os desdobramentos que os erros causarão. Isto chama-se conhecimento.
Portanto, um “checklist” só é operado, realizado com eficiência se o executor (piloto, mecânico, mecânico-auxiliar de pista, etc) tiver conhecimento profundo do que está fazendo. A chave de tudo é o conhecimento.
Levando essas considerações para a vida em uma empresa, qualquer atividade realizada por um funcionário, independentemente do tipo ou tamanho da organização ou do nicho de mercado a qual pertença, terá no conhecimento uma relação direta para com a eficiência, a produtividade e a excelência competitiva.
Desta forma, quando a pessoa é contratada para exercer uma atividade pela qual será remunerada, pressupõe-se que ela seja eficiente e apresente produtividade satisfatória.
Indo direto ao ponto, vamos ao que interessa: Para se ter sucesso na vida organizacional você tem que ser eficiente e apresentar produtividade satisfatória aos anseios de sua empresa: que lhe contratou e paga seu salário. Busque elevar os níveis de eficiência e de produtividade, pois seu emprego dependerá, substancialmente, do que você produz e por isso será avaliado e, eventualmente promovido ou dispensado.
Portanto eu sugiro passos bem simples:
Conheça bem a atividade que você irá executar;
Conheça as dinâmicas operacionais e administrativas do setor onde você trabalha;
Procure reconhecer o grau de dependência que seu setor tem em relação aos demais setores de sua empresa. Prepare-se para compensar deficiências desses setores que lhe chegam, para que seu setor, como um todo, complete a parte que lhe é devida na tramitação entre setores na elaboração de um projeto ou de um processo. Reclamar e solicitar conscientização de outros tem pouca valia, a não ser retórica;
Sempre revise criticamente e realinhe suas atividades com relação às metas e aos objetivos do setor onde você trabalha. Também contribua para o realinhamento das atividades de seu setor com os objetivos da organização. Lembre-se, TUDO tem um custo. Portanto, ações fora do escopo e do objetivo da organização e de suas metas setoriais têm um elevado custo no já, via de regra, minguado orçamento de cada unidade produtiva;
Uma importante observação e sugestão: Antes de ter uma grande sacada e querer ficar bem na foto da direção da empresa, propondo ações de responsabilidade social só porque é modismo politicamente correto, não custa relembrar: tudo tem um custo! Essas ações dão trabalho e custo para os outros setores. Se você não avaliou e não combinou com os demais envolvidos e a direção vier a aceitar suas ideias, muito provavelmente você ficará bem na foto momentaneamente, mas logo sua produtividade será fragilizada por setores que você, com sua ideia politicamente correta e inclusiva, acabou por dar mais trabalho. A lição que fica?!?! Todo setor tem seus planos de trabalho específicos, orçamento apertados e prazos exíguos. Portanto, é essencial perguntar aos demais se eles podem e, também, lhes é conveniente participar dessa sua “grande sacada” investindo seus recursos específicos (orçamento, suprimentos, veículos etc.);
Avalie seu grau de dependência de fatores econômicos de produção (FEP) tais como energia, transporte, saneamento, mobilidade urbana, telecomunicações etc. TODO setor e toda organização dependem deles para serem eficientes e terem alta produtividade;
Neste particular, procure se informar acerca de eventos externos que venham a prejudicar o acesso aos benefícios daqueles FEP. Pense nos apagões de energia, nos alagamentos, nos engarrafamentos, nas greves etc. Antecipe-se e prepare-se para agir de forma a compensar as deficiências que os demais setores terão, por dificuldades com aqueles fatores;
Interaja, converse, reflita e negocie. Você não é o pequeno príncipe sentado, olhando para uma rosa em um planeta deserto. Você depende dos demais setores e eles dependem da qualidade de seu trabalho;
Debata, discuta e registre suas dificuldades. Procure orientação para evoluir, busque-a com os funcionários mais antigos da empresa. Com esses registros, procure se antecipar junto aos demais setores, corrigindo ou aplicando alternativas que evitem redução de eficiência. Isso evita retrabalhos e desperdícios dos parcos recursos, sobretudo financeiros e logísticos que, com absoluta certeza, sua organização enfrentará;
Ao longo de mais de quarenta anos de vivência organizacional, essas foram as informações que colhi; fruto de muitos insucessos e não muitos sucessos, afinal, estamos no Brasil que, a cada dia que nasce, nos surpreende. Contudo, a lição que retive de todos esses anos: nada substitui o conhecimento.
Boa sorte e sucesso.
Este artigo é parte componente do livro “Fora do Solo – A gestão estratégica na atividade aérea” do autor.
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